A política brasileira viveu mais um episódio de tensão e polarização nesta semana. Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro organizaram um protesto dentro da Câmara dos Deputados utilizando bandeiras dos Estados Unidos e do ex-presidente Donald Trump, em clara demonstração de apoio e resistência, após uma decisão do presidente da Casa, Arthur Lira, que acatou pedido do corregedor Domingos Sávio e proibiu eventos de apoio político durante o recesso parlamentar.
A atitude dos parlamentares bolsonaristas gerou repercussão imediata nas redes sociais e nos bastidores de Brasília, reacendendo o debate sobre os limites do uso dos espaços institucionais para manifestações de cunho político-partidário.
O QUE ACONTECEU
A polêmica teve início após a Câmara dos Deputados suspender qualquer tipo de reunião política ou ideológica durante o recesso, medida anunciada após diversos eventos de apoio a Bolsonaro ocorrerem nos corredores e auditórios da Casa. A decisão, segundo a Presidência da Câmara, visa preservar o uso adequado do espaço legislativo e impedir sua utilização para fins eleitorais antecipados.
Em resposta, deputados aliados de Bolsonaro, como Nikolas Ferreira, Bia Kicis, Carla Zambelli e Gustavo Gayer, organizaram um protesto simbólico, hasteando bandeiras dos EUA e exibindo imagens de Trump — uma referência clara à aliança ideológica entre os dois ex-presidentes e ao discurso compartilhado de “conservadorismo patriótico”.
O CLIMA NA CÂMARA
O protesto ocorreu de forma silenciosa, mas teve forte repercussão. Vídeos e imagens foram amplamente divulgados nas redes sociais, com hashtags como #CensuraNoCongresso e #Bolsonaro2026 ganhando tração entre apoiadores do ex-presidente. Em contrapartida, parlamentares da oposição criticaram duramente a manifestação, classificando-a como “antirrepublicana” e “teatral”.
Alguns deputados reforçaram que o uso de símbolos de um país estrangeiro em protestos dentro do parlamento brasileiro afronta o respeito às instituições nacionais.
DECISÃO DE MOTTA GERA DIVISÃO
A medida que desencadeou o protesto partiu do corregedor da Câmara, Domingos Sávio, e foi endossada por Lira. A decisão proíbe o uso de auditórios e plenários para encontros de natureza política durante o recesso legislativo. O foco, segundo Sávio, é impedir a utilização da estrutura da Câmara para eventos que não tenham ligação direta com a atividade parlamentar.
“A Casa do povo deve ser usada para debater leis, fiscalizar o Executivo e representar a sociedade — e não como palanque ideológico,” disse um assessor da Mesa Diretora.
REPERCUSSÃO NAS REDES
A reação nas redes sociais foi imediata. Enquanto os aliados de Bolsonaro exaltaram a manifestação como um ato de resistência contra censura e perseguição política, críticos apontaram uma tentativa de vitimização e importação de símbolos estrangeiros para alimentar a polarização.
Perfis pró-governo ironizaram a cena com memes e comentários do tipo:
“Se amam tanto os EUA, por que não protestam lá?”
O QUE ESPERAR
O episódio evidencia o clima político cada vez mais tenso em Brasília, mesmo durante o recesso. Com as eleições municipais se aproximando e a expectativa de Bolsonaro tentar se manter politicamente ativo, é provável que a Câmara volte a ser palco de embates ideológicos frequentes — inclusive fora do período legislativo.