No mesmo dia em que Jair Bolsonaro virou alvo de uma operação da Polícia Federal e teve que colocar tornozeleira eletrônica, o presidente Lula fez um discurso enigmático. Coincidência ou provocação? Web aponta deboche e clima esquenta em Brasília.
O Brasil parou nesta semana com a notícia bombástica de que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica após decisão da Justiça Federal no âmbito da mais recente operação da Polícia Federal. Mas o que também chamou atenção foi a reação do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que, em um discurso no mesmo dia, lançou frases que foram interpretadas por muitos como um verdadeiro deboche ao seu principal rival político.
Durante um evento público em Brasília, Lula falava sobre ética, responsabilidade pública e os danos causados à imagem do Brasil por “figuras que se achavam acima da lei”. Em tom firme e visivelmente animado, ele disparou:
“Tem gente que acha que pode enganar todo mundo o tempo inteiro… mas a verdade sempre chega. E quando chega, não tem farda, faixa ou fake news que segure!”
A frase foi o suficiente para incendiar as redes sociais. Internautas não tiveram dúvidas: era um recado direto para Bolsonaro, que naquele exato momento estampava capas de portais de notícia com o dispositivo eletrônico fixado ao tornozelo. Nas redes, os termos “Lula debochando”, “tornozeleira” e “recado dado” ficaram entre os mais comentados do dia.
Apesar de não mencionar diretamente o nome de Bolsonaro em nenhum momento do discurso, Lula seguiu a linha crítica e lançou outras frases provocativas:
“O Brasil cansou de ser enganado por quem só pensa em si. Justiça tarda, mas quando chega… é digital, eletrônica e sem coroa.”
A plateia riu, aplaudiu e respondeu com gritos como “sem anistia!” e “é cadeia!”. Em seguida, Lula retomou o tom institucional e defendeu que todos sejam investigados e punidos “dentro da lei, com o devido processo legal”. No entanto, o clima já estava montado: a fala do presidente foi vista como um recado simbólico e até triunfante diante do novo revés judicial de Bolsonaro.
Enquanto isso, aliados de Bolsonaro se irritaram com a repercussão. Alguns deputados da base conservadora acusaram Lula de aproveitar o momento para “tripudiar” do ex-presidente. “É uma vergonha ver o chefe do Executivo rindo da situação de outro líder político. Isso não é postura de presidente, é comportamento de palanque”, declarou um parlamentar bolsonarista em entrevista.
Por outro lado, apoiadores de Lula viram o discurso como um momento simbólico de justiça histórica. “Quem causou tanto caos no país agora está sendo cobrado. É mais que justo”, comentou uma internauta. Outra completou: “O Brasil precisa lembrar e aprender: quem brinca com a democracia, um dia presta contas.”
Ainda no mesmo dia, ao ser questionado por jornalistas sobre a tornozeleira de Bolsonaro, Lula preferiu não comentar diretamente. Mas, com um leve sorriso, respondeu:
“Não sou juiz, não sou promotor. Mas fico feliz quando a justiça funciona.”
Mais uma frase que, para muitos, escancarou a satisfação silenciosa do presidente diante do que considerou o início do “ajuste de contas” do ex-mandatário.
A tensão entre os dois líderes, que já é histórica, ganhou novos contornos com esse episódio. Desde a saída de Bolsonaro do poder, Lula tem sido cauteloso nas palavras, mas vem aos poucos alfinetando, especialmente quando fala de reconstrução do país, combate à corrupção e valorização da verdade.
Enquanto isso, Bolsonaro enfrenta dias difíceis. A tornozeleira, além de simbólica, tem peso jurídico real. Imposta como medida cautelar, ela impõe limitações e representa um passo importante no avanço das investigações que envolvem documentos falsos, interferência em investigações e uso indevido da máquina pública.
A batalha entre Lula e Bolsonaro, agora travada em palanques e tribunais, está longe de terminar. E a cada novo capítulo, o país se vê dividido entre aplausos e protestos. O fato é que, com ou sem nomes citados, o discurso de Lula foi interpretado como mais que uma fala institucional: foi um recado. Claro, direto e — para muitos — debochado.